O anúncio do pacote de corte de gastos feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na noite de quarta-feira (27), gerou um grande debate sobre frágil política fiscal do governo Lula. Em entrevista à Rádio Auriverde de Bauru nesta quinta-feira (28), o economista Prof. Claudio Branchieri, que também é deputado estadual pelo Novo/RS, criticou a forma como o ministro apresentou as medidas, dizendo que o discurso não foi técnico, mas político. Segundo Branchieri, o governo tentou desviar o foco para a isenção de impostos para quem ganha até R$ 5 mil, enquanto outras questões importantes, como os cortes no Fundeb e no Bolsa Família, ficaram em segundo plano.
O professor explicou que a isenção de até R$ 5 mil é uma medida que, na prática, pode beneficiar algumas camadas da população, mas que há um "truque" por trás disso. Segundo Branchieri, o governo não menciona que quem ganha acima de R$ 5 mil vai acabar pagando mais imposto de renda, já que as deduções serão retiradas, o que fará com que pessoas que recebem entre R$ 6 mil e R$ 10 mil vejam um aumento na carga tributária. Ele destacou que a redução da isenção do Imposto de Renda afeta diretamente a classe média e que o governo está "omitindo" essa informação.
Em relação à promessa de que os "super-ricos" iriam arcar com a maior parte do custo das medidas, Branchieri foi ainda mais contundente. Para ele, a definição de "super-rico", como pessoas que ganham acima de R$ 50 mil mensais, está equivocada. Ele comparou esses rendimentos aos de gerentes de farmácia nos Estados Unidos, criticando o governo por não fazer uma análise realista da situação econômica do país. O professor também mencionou que a proposta de aumentar a alíquota de impostos para essas pessoas poderia resultar em um acréscimo de apenas R$ 17,20 bilhões aos cofres públicos, um valor muito abaixo do necessário para cobrir os custos do pacote.
Por fim, Branchieri concluiu que o discurso do ministro não faz sentido, chamando-o de "mentiroso" e afirmando que o governo está escondendo a verdadeira conta do pacote fiscal. Ele acredita que as medidas anunciadas vão piorar a situação para a classe média, ao mesmo tempo em que deixam de atacar as verdadeiras fontes de gastos excessivos do governo. Para o futuro, o especialista alertou que a bomba fiscal, como ele chamou, pode trazer consequências graves para a economia e que o governo precisará rever suas estratégias para evitar um aumento ainda maior da carga tributária sobre os cidadãos.
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