Ninguém quer nada com nada. É o
que eu mais ouço por aí. Triste, porém real. A verdade é que a nossa geração se
perdeu em meio a fartura, se é que podemos chamar assim. A Internet fez com que
o mundo se tornasse pequeno. Isso foi bom em vários aspectos, mas, com relação
aos relacionamentos, complicou tudo. Opções demais, qualidade de menos.
Fidelidade virou artigo raro. Longevidade também. Afinal, quem está disposto a
se dedicar de verdade a um relacionamento? Quem está disposto a passar pelas
dificuldades e construir uma história a dois? Se é tão mais fácil curtir a foto
de volta e marcar um sexo casual. Se é tão mais simples aceitar um dos vários
convites de viagens ou de festas que chegam todos os dias. Ninguém se esforça
de verdade porque sabe que a fila de espera é grande e o status atualiza
rápido. É cada “presente de Deus” virando “embuste” em questão de dias. Relaxa!
É só abrir o cardápio e escolher o próximo prato. Na verdade, todo mundo já se
pegou, mas é melhor fingir que não. Discrição é a alma do negócio. O contato da
vez nem aparece no feed. Ninguém assume ninguém e está tudo certo. O que os
seguidores não veem o coração não sente. Segue o baile. E foi assim que viramos
troféus em prateleiras. Foi assim que aprendemos a nos contentar em ser só mais
um nome em uma lista. Foi quando vendemos o nosso corpo e transformamos a
relação humana mais incrível de todas em algo banal. Não tá fácil pra ninguém,
é verdade. Mas fomos nós que causamos tudo isso. E, muitas das vezes, até nos
orgulhamos. Somos todos maus partidos procurando a pessoa perfeita. Mas a
verdade é que, se ele ainda existir, não vai se interessar por você. E nem por
mim. Não mesmo. Mas, quer saber? Está tudo bem! Logo vai ser verão novamente. E
depois réveillon. E carnaval. E semana santa. Sejamos honestos. A gente nem
queria nada sério mesmo.