O escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que já vinha preocupando autoridades, ganhou proporções colossais. O que antes era investigado como um esquema de R$ 6,3 bilhões em descontos irregulares em aposentadorias, agora pode ter movimentado ilegalmente quase R$ 90 bilhões, com foco em empréstimos consignados não autorizados.
A nova fase da investigação, conduzida pela Polícia Federal e acompanhada por auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), revela que milhares de aposentados e pensionistas tiveram crédito liberado sem sequer solicitarem — uma violação grave que escancara falhas no sistema de controle da Previdência. Em 2023, foram registrados 35 mil casos formais de denúncias por empréstimos irregulares, enquanto o volume de crédito liberado naquele ano atingiu R$ 89,5 bilhões.
A dimensão do rombo levou a oposição a conquistar o número mínimo de assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). O pedido será protocolado ainda nesta segunda-feira (5), liderado pelas senadoras Damares Alves (Republicanos-DF) e Coronel Fernanda (PL-MT). A proposta visa apurar responsabilidades, identificar os beneficiários do esquema e garantir o ressarcimento aos prejudicados.
Paralelamente, tramita na Câmara uma proposta de CPI exclusiva, apresentada pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO). Com mais de 185 assinaturas, o pedido enfrenta o entrave regimental: só cinco CPIs podem funcionar ao mesmo tempo, e outras doze aguardam análise na fila.
Governo Lula tenta barrar CPMI com articulação política
Diante do avanço da oposição, o Palácio do Planalto montou uma força-tarefa para impedir a leitura do requerimento da CPMI no Congresso. A estratégia inclui articulações com líderes partidários, promessas de cargos e concessões políticas para tentar esvaziar o apoio à comissão.
A preocupação do governo é clara: o caso pode se tornar o maior escândalo da atual gestão, minando a confiança popular e comprometendo pautas prioritárias como a reforma tributária e a âncora fiscal.
O que está em jogo
A investigação já atinge órgãos como a Dataprev, responsável pelo processamento de dados da Previdência, e aponta para falhas no uso da biometria e na validação de consentimentos. Especialistas alertam para a existência de refinanciamentos fraudulentos e uso indevido de dados pessoais por entidades que operam à margem da lei.
O escândalo, que começou com suspeitas em torno de associações e sindicatos, agora atinge o coração da estrutura de crédito do INSS, com potencial de abalar profundamente a credibilidade do sistema.
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